29/05/2022

Filosofia Montessori

    Maria Montessori foi uma médica italiana que viveu entre 1870 e 1952. Ela foi psiquiatra e se inconformou com a forma como as crianças eram tratadas dentro dos hospitais psiquiátricos na época. Ela decidiu implantar no hospital um método próprio de ensino e observou que com ele as crianças estavam aprendendo muito e mais rápido que o esperado.

    Assim, decidiu aplicar o método em uma escola convencional, para crianças analfabetas cujos pais tinham jornadas de trabalho de até 18 horas por dia. Ela observou que essas crianças não só se desenvolviam muito bem, mas também mais rápido que o comum para idade e em comparação com as escolas tradicionais. Além disso, elas se tornavam mais gentis, generosas, educadas, concentradas, independentes e disciplinadas.

    Maria Montessori viajou o mundo todo aprendendo e ensinando sobre pedagogia e fortalecendo seu método. Hoje, mais de 120 anos depois do início de tudo, temos diversos estudos científicos comprovando cada vez mais que ela estava certa e que seu método é o mais eficaz de ensino.

    No método Montessori, a escola se adapta à criança para favorecer o seu desenvolvimento. As mesas e cadeiras são mais baixas, as escolas deixam de se tornar locais de castigo para ter uma relação respeitosa entre professores e alunos, o trabalho sensorial é mais valorizado, com brinquedos que estimulem esse desenvolvimento e a movimentação na primeira infância é importante, então todo o ambiente é feito para que a criança consiga se movimentar livremente.




    Neste método, a criança não é moldada pelo adulto. Ela é a protagonista na formação do adulto, o que é feito dando autonomia e independência para ela. Temos planos de desenvolvimento divididos de acordo com a faixa etária.

    O primeiro plano de desenvolvimento vai dos zero aos 06 anos, e tem o objetivo de fazer a criança conhecer o mundo e desenvolver sua autonomia para fazer as coisas sozinha. Montessori acreditava que nunca devemos interromper uma criança que está tentando fazer algo sozinha, não importa o quanto ela demore para conseguir.



    Se a criança tiver liberdade para se desenvolver, se desenvolverá com mais facilidade, de forma leve e natural, e com resultados muito melhores do que se os períodos de autonomia forem ignorados ou suprimidos.

    O segundo plano de desenvolvimento vai dos 6 aos 12 anos, e uma vez tendo sua independência física conquistada, a criança inicia seu desenvolvimento intelectual. Ela tem curiosidade por explorar outros universos, outros países, outros temas. Ela deve ter liberdade de responder suas próprias perguntas, investigar. Aqui ela começa a aprender sobre o que é ou não justo e vai aumentando seu desenvolvimento social, o senso de trabalho em equipe.



    O terceiro plano de desenvolvimento vai dos 12 aos 18 anos. Aqui a convivência social com outros adolescente é o mais importante para a formação, começam a não querer ajuda dos adultos e entendem mais profundamente como o mundo funciona. O adolescente tem necessidade de pertencer e se identificar com um grupo. Ele precisa servir a algo. Precisa trabalhar e ser remunerado, mas o trabalho nessa fase tem uma função pedagógica, de ensinar e dar uma certa liberdade financeira para que se sinta um pouco mais independente. Se não for possível remuneração financeira, pode ser feito trabalho voluntário com troca por bens.

    O quarto plano de desenvolvimento vai dos 18 aos 24 anos, e aqui o, agora adulto, quer compreender o seu lugar no mundo. Aqui, vai além da profissão, mas o que ele proporciona para o mundo através de sua presença e seu trabalho.

    Qual é afinal o objetivo da pedagogia montessoriana?

    É dar liberdade para que a criança aprenda sozinha, aprenda por modelo, seja autora de sua própria história, tenha liberdade para agir e buscar as respostas. Ela aprende não só a ser independente, mas aprende educação, respeito, empatia, trabalho em equipe.


Fonte: Lar Montessori


21/05/2022

O filho mais velho

 Então já não era mais só eu...

O colinho onde eu amava adormecer agora tinha prioridade, porque meu irmão tinha que mamar e eu já era grandinho.

A família chegava em casa e eu já não era mais o centro das atenções. Eu tinha novidades também, mas o que eu falava não era mais importante. "Olha que lindo, o bebê sorriu pra mim", "Ah meu Deus, ele está tão esperto, já quer levar os brinquedos na boca", "Ele está dando os primeiros passinhos".

Mamãe me disse que eu era importante também. Mas que a gente tinha que cuidar do bebê porque ele é muito pequenininho.

(...)

Hoje foi o meu primeiro dia na escola. Eu não queria ficar lá sozinho. Mamãe está em casa com o meu irmão. Minha professora é legal, até fiz alguns amigos, mas queria ficar com minha mãe.

Mamãe veio me buscar. Eu estava com tanta saudade que queria ficar feliz, mas não consigo parar de chorar. Estou aliviado porque ela está aqui.

Mamãe diz que tenho que parar de chorar, eu já sou grande, tenho que ser maduro, mas eu só tenho 4 anos. Ela diz que estou fazendo birra. Eu só queria que ela me pegasse no colo.

Os adultos da família dizem que minha mãe está me mimando, que assim eu não vou aprender. Eles falam pra ela me bater. Eu não sei porque eles querem que ela me machuque. Será que não me amam?

(...)

Hoje é dia de ver minha avó. Eu estou animado para falar pra ela tudo que aprendi na escolinha mas ela não quer ouvir. Estou tentando mostrar, mas ela mandou eu ficar quieto e assistir televisão. Ela quer ver o dentinho novo que brotou na boca do maninho. Será que não sou interessante? Eu não quero assistir desenho. Tem uma árvore grande lá fora e tem folhas de todas as cores no chão, eu quero explorar. Vi muitas pedrinhas diferentes, eu poderia fazer uma coleção. Ouvi a vovó falar para a mamãe me levar ao médico porque devo ter algum problema que não me deixa parar quieto. Eu não quero ir ao médico, eu quero brincar.


Essa história é baseada em fatos reais e em diversos atendimentos que já tive. Por vezes o nascimento do irmão mais novo pode ser um trauma para o irmão mais velho - não que seja algo ruim - mas trauma no sentido de perder a vez, perder o posto de filho único e de centro das atenções, mesmo que por vezes os pais façam todo o possível para que o filho mais velho se sinta parte do processo.

O que podemos fazer para amenizar isso?

Precisa ser uma ação de toda a família a inclusão do filho mais velho. Lembrar que toda idade tem seus medos, descobertas e aprendizados, que precisam ser valorizados. Valorizar as queixas de todos os filhos, olhar nos olhos quando eles precisam se comunicar, ouvir o que eles querem nos dizer e falar com cuidado o que eles precisam compreender.

Entender que o filho mais velho não deixou de ser criança. Que ele pode ajudar em algumas coisas mas não deve ser sobrecarregado com responsabilidades.

Por fim, amor nunca é de mais! Eles precisam entender que são amados independente do que mais esteja acontecendo ao redor.


Vamos interagir??

Se você for irmão mais velho, me conta como se sentiu quando o mais novo chegou.

Se você for mãe ou pai de 2 ou mais, me conta como foi o processo de adaptação do filho mais velho com a chegada do mais novo.

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